quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Capítulo VI

Entramos naquele Cyber Café e me senti novamente em Londres. O lugar era bem iluminado, com diversas fotos de Londres nas paredes.
Bem lá no fundo, tinha uma roda de uns 4 garotos conversando e bebendo. Takashi foi até lá, me puxando pelo pulso, enquanto eu ficava que nem uma boba olhando a decoração do ambiente.
- Ohayo minna-san. - Takashi disse assim que chegou perto do grupo. Pelo jeito vou ficar que nem idiota, sendo a única que não sabe falar japonês. - Essa é a Alice. Ela não fala japonês.
- Sou o Daisuke– Um garoto magrelo e com o cabelo pintado de loiro me cumprimentou com um aceno. - Todos nós estudamos na Universidade de Tóquio, conhece?
- Infelizmente eu estarei lá amanhã. - Sorri sarcástica.
- Eu sou o Kai. - Um garoto com um rostinho de bebê e cabelo jogado no olho, me cumprimentou com o mesmo aceno com a cabeça que o Daisuke fez.. Percebi que ele estava com duas baquetas na mão. E além do seu visual gótico, suas unhas eram pretas também. Irado.
- Oi, eu sou o Yuri. Você é muito linda, sabia? Tem namorado? - Um cara com cabelo tigelinha e óculos grossos, provavelmente um nerd, já que tinha um jogo nas mãos que eu nunca tinha visto na vida. Devia ser algum lançamento.
- Você poderia parar de assustar a garota? - Um cara que estava sentado olhando para a janela, de costas para mim, virou-se bruscamente, me encarando. - Aliás, sou Akira. - E estendeu a mão, para me cumprimentar.
Ele tinha o cabelo um pouco curto e olhos bem mais rasgados que o do Takashi. Ele não tinha cara de menino como os outros e poderia até ser tão ou mais bombado que o Takashi, mas não deu pra comparar muito porque, apesar do tempo fresco, ele usava uma blusa de frio preta. Perfeito. Essa era a palavra que eu tinha pra ele naquele momento e...
- Acorda sua tonta! - Ouvi a voz do Takashi, antes de perceber que eu encarava demais o Akira.
- Sou Alice. Alice Smith. - Sorri para ele – Muito prazer!
Nos acomodamos no meio deles, fazendo com que Akira ficasse ao meu lado e Takashi na minha frente.
- Aceita um cigarro? - Akira se vira pra mim de repente.
- Claro. - Disse sem pensar duas vezes. Que se dane o ranzinza do Takashi. Era um cigarro Black de menta. Meu preferido.
Todos pegamos cappuccino e em pouco tempo já conversavam sobre assuntos que eu não entendia nada: carros.
Pra não ficar feito uma idiota enquanto falavam do último modelo do Mustang com não sei quantos cavalos de potência e que chegava a não sei quantas milhas, decidi pagar minha parte e sair, para o estacionamento.
Lá, peguei o cigarro e o isqueiro da bandeira da Inglaterra que eu nunca tirava do bolso e comecei a tragar. Sentia falta disso.
O vício é a única coisa que me faz esquecer dos meus problemas. A conversa estranha com a minha mãe, morar na mesma casa que uma pessoa que odeio, saber que nunca vou poder amar uma pessoa de verdade novamente...
- Você vai fazer que curso? - Fiquei tão perdida nos pensamentos que nem vi Akira chegar.
- Direito. E você?
- Faço Engenharia. Junto com seu irmãozinho. - Ele riu e não pude deixar de me contagiar com seu sorriso.
Soltei a fumaça do cigarro e olhei pro horizonte.
- Sabe que eu achei você muito linda? - Ele abaixou a cabeça com um sorriso de lado no rosto - Nunca disse isso pra uma garota na primeira vez que a vi. Você tem algo que está me fazendo querer ficar perto de você.
- Cola em mim. - Traguei e soltei a fumaça novamente, dando risada.
Sem pensar duas vezes, ele já estava na minha frente, bem perto de mim. Eu estava encostada no carro do Takashi e o Akira literalmente grudou em mim, me pressionando contra o carro. Seu rosto bem perto do meu. Aquele hálito de saquê me embriagava.
- Estou grudado o bastante? - Seu sorriso pervertido me fez querer rir da sua cara, mas me segurei. Ele era muito mais charmoso de perto. E aquela boca...
Ele segurou meu cabelo e chegou perto do meu ouvido.
- Quer que eu te leve pra minha casa? Lá a gente pode aproveitar mais... intimamente. - E começou a me agarrar ali mesmo. Me segurando com força enquanto tentava colocar a mão na minha bunda. 
Uma joelhada. Simples, mas suficiente pra ele colocar a mão no meio das pernas e me xingar de vadia.
- Você acha que eu sou o quê, seu filho da puta? Acha que sou as prostitutas que você pega? Você acha que é só dar um cigarro, falar coisas bonitinhas que eu já abro as pernas pra você? Abre os olhos japonês desgraçado!!
Takashi chegou perto de nós e viu Akira com a mão no saco, quase chorando de dor. Cena hilária.
- O que você fez Ally?
- Esse seu amiguinho aí achou que seria fácil se fazer de bonzinho pra depois querer me comer.
- Vai se fuder vadia. Você tava aí toda suspirando por mim, agora quer se fazer de vítima?
Eu não aguentei.
- Só porque você é gostoso não significa que vou abrir as pernas pra você, imbecil! - Antes que eu fosse pra cima dele, o Takashi me segurou pela cintura.
- Vamos embora Ally. - Ele olhou nos meus olhos - E leva esse bêbado aí, tô sentindo o cheiro de álcool de longe já - Ele disse para o resto do pessoal que chegou correndo pra ver a movimentação.
No carro, eu fiquei quieta. Mas o Takashi não, para minha infelicidade.
- Puta que pariu! Você não consegue se comportar em nenhum lugar que você vai? Gosta mesmo de chamar a atenção?
- Eu? O cara tava querendo me estuprar ali no estacionamento e eu sou a errada?
- Você deveria perceber que ele estava muito bêbado pra saber o que estava fazendo, não acha?
- Ah sim. Por ele estar bêbado, eu deveria deixá-lo colocar a mão onde bem entendesse?
Ele ficou quieto até chegarmos na casa dele. Então saiu do carro pisando forte e me deixou pra trás. Nem liguei pra isso, apenas subi pro meu quarto.