domingo, 24 de novembro de 2013

Capítulo III

Tóquio.

Uma única cidade com dois mundos diferentes. De um lado a calmaria de santuários xintoístas, do outro, um centro turbulento e completamente tecnológico, com pessoas de cabelos diferentes, estilos diferentes e pensamentos mais diferentes ainda. E é nesse mundo que uma inglesa se enfia como uma intrusa.
Desço do avião, no aeroporto Internacional de Haneda. Muita gente, muita movimentação e aquelas letras estranhas em japonês. Depois de 19 horas eu ainda me sinto meio zonza e com sono, pelo horário estranho desse país. Olho no meu relógio. 05:28. Em Londres, minha mãe deve estar dormindo ainda. E aqui, oito horas mais tarde,  está todo mundo em completa turbulência.
Minha mãe me disse que o enteado daquele homem que se denomina meu pai estaria me esperando. Mas eu não o conheço e ele também não me conhece.

Então eu fico com minhas enormes bagagens que nem uma idiota, olhando pra todos os lados, pra ver se não via algum japa com um papel escrito bem grande o nome: "ALICE". Quem sabe né?
Então eu vejo um cara sentado um pouco mais adiante de onde eu estava. Meu Deus. Que músculos são aqueles? Esse sem dúvida é o cara mais gostoso que eu já vi. Eu não poderia perder essa oportunidade NUNCA!
Peguei meu carrinho com as bagagens e fui em direção ao garoto. Havia tantos rostos e corpos iguais e ele se destacava por aquele corpo musculoso e aquele rosto de malvado. O tipo de homem dos meus sonhos.
Cheguei perto dele e o vi com mais detalhe: gato, gostoso, cheiroso e musculoso.
- Você é muito gostoso, sabia? - Ele me olhou e ergueu uma sobrancelha. - O cara mais gostoso que já vi.
E me virei. Dando graças à Deus pelo cara não saber minha líng..
- Você é a Alice?
OH MEU DEUS.
Eu me virei, já sentindo meu rosto corar violentamente.
- So... sou. E você? - Claro que eu já sabia quem era. Minha cara foi pro chão.
- Sou o Takashi. Takashi Matsuda. Seu... irmão mais velho - Falou em tom de deboche.
- Ah claro, acabei de dar em cima do meu irmão. - Ri sarcasticamente, entrando na brincadeira dele. - Esqueça o ocorrido. Tô falando sério.
Ele apenas deu risada e colocou a mão no bolso da calça social. Ele vestia uma camisa social azul escura, junto com a calça preta.
Meu Deus, que Deus Grego! Quer dizer, esse aqui é um Deus Japonês.
- Vai ficar olhando pra minha cara por mais quanto tempo?
Ops.
- Vai se foder. Só leva minha bagagem.
E me virei. Lindo, mas chato. Gostoso, maravilhoso, musculoso, mas ignorante. Por que meu Deus? Por que Você cria um cara lindo, mas coloca uma personalidade ruim nele?
Nós saímos do aeroporto e um Porsche Carrera preto nos esperava. Takashi jogou minhas malas no banco de trás. Apesar de me irritar pelo modo como ele tratava minhas malas, eu adorei ver aqueles músculos querendo rasgar a blusa social dele. A força que ele fazia pra segurar as minhas malas pesadas, me fazia sentir...
- Porque você não para de babar e entra no carro?
Idiota. Só é chato porque é lindo.
Entrei no carro, quieta.
- Só porque eu te chamei de gostoso, não significa que você pode se achar, tá bom? Eu tenho o meu orgulho, colega.
Ele riu.
- O mais engraçado foi a sua cara quando percebeu que eu entendia muito bem seu inglês britânico.
- Hn. - Virei a cara. Só esperava que ele esquecesse esse ocorrido. - Aquele idiota tá na casa dele agora?
- Que idiota?
- Meu... - Respirei - O Sr. Hopkins. John Hopkins.
- Seu pai, você quer dizer, né? - disse em tom irônico.
- Não, o Sr. Hopkins.
Ele ficou quieto, por um momento.
- Sim, o Sr. Hopkins estará esperando a senhorita, assim como todos da casa.
- Não me chame de senhorita. Meu nome é Alice.
- Vou te chamar de Ally.
- Eu disse Alice!
- Ally. - E riu sarcasticamente. Idiota.
- Aliás, quantos moram naquela casa?
- Seu... - Ele arrumou rapidamente - O Sr. Hopkins decidiu parar todo mundo, inclusive os empregados, pra fazer uma festa de boas-vindas pra você. Como agora você sabe, finja surpresa.
- Aquele verme fez festinha?
- Finja surpresa, já disse.
Chegamos em frente de uma mansão. Juro que o lugar é enorme! Vou me perder facilmente aqui. Na verdade só espero me perder no quarto do Takashi.
Sai do carro dele e mais à frente haviam mais dois estacionados: Um Toyota Avalon preto com vidros completamente escuros e uma Lamborghini vermelha.
Apareceu um mordomo na frente da mansão e começou a tirar as malas.
- Vamos acabar com isso logo - Takashi disse, puxando meu braço pra dentro.

Ele abriu a porta e me senti no inferno. Por um segundo, eu gostaria de estar em qualquer lugar. Qualquer um, menos aqui.

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